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Noite Multicultural de Julho






A Fundação Cultural de Blumenau convida a comunidade para mais uma Noite Multicultural, nesta quinta-feira, 7, com a abertura da exposição Corpo Matéria , de Camilla Carpanezzi, na Sala Oficial do MAB; na Galeria Municipal de Arte e na Sala Especial, a exposição Bluap 25 Anos de Arte , com a participação de 34 artistas associados à entidade; na Galeria do Papel, a exposição Sujos, Feios e Musicais , do artista Denis Pacher; na Sala Elke Hering, homenagem ao artista Pedro Dantas, com exposição de obras do acervo do MAB e também do artista; no Espaço Alternativo, a exposição Labirinto Poético, Coletivo de Poetas Blumenauenses ; e no Espaço Elfy Eggert, apresentação do Bráss Septet , pela Banda Municipal de Blumenau.

A partir das 18h30 acontece o encontro com os artistas que vão falar sobre sua trajetória e obras expostas. Professores, arte-educadores, coordenadores pedagógicos, artistas, acadêmicos, alunos de arte e a comunidade em geral estão convidados a participar desse bate-papo. A Fundação Cultural fica na Rua Quinze de Novembro, 161, e a visitação às exposições poderá ser feita até o próximo dia 24, de terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas; sábados, domingos e feriados, das 10 às 16 horas. Visitas monitoradas podem ser marcadas pelo telefone 3326 6596. A entrada é gratuita.

Sala Oficial
Exposição Corpo Matéria , com a artista Camilla Carpanezzi. Trata-se de uma exposição composta por trabalhos desenvolvidos em 2009 e 2010, que propõe reflexões sobre materialidade e espiritualidade, ao explorar diferentes materiais no campo da pintura: terra, madeira, cera de abelha e materiais gordurosos, além da tinta a óleo.

A série tem como base a figura humana em tamanho natural. Como suportes foram utilizadas telas com 2 metros de altura e portas de madeira. Os trabalhos apresentam cores neutras, baixa intensidade de luz e contraste, limites suavizados. Títulos como Sussurro, Respiração, Minha alma de madeira e terra, referem-se a um estado introspectivo e contemplativo. Mas, em algumas obras, ao lado desta aparente suavidade, foram incorporados materiais agressivos à confecção do trabalho: impurezas da terra, pedras, poeira do chão do ateliê.

O dualismo está sempre presente: material/ imaterial, corpo/ alma, visível/ invisível. Isso pode ser percebido através do material utilizado (como no contraste entre uma figura de terra e o entorno em óleo), nos trabalhos dípticos que dividem a figura ao meio, ou ainda na pintura que sugere a existência de dois corpos.

Depoimento da artista
O processo de criação da série foi bastante peculiar e teve início com um sonho. Sonhei com uma sala escura com várias telas em branco, enormes, altas como uma pessoa. Elas estavam apoiadas no chão e formavam um círculo, ao centro do qual repousava, sobre uma mesa, outra tela em branco. Impressionada com este sonho encomendei três telas com 1,70 de altura. Passaram-se muitos meses sem que eu soubesse que imagem colocaria nas telas. Ao mesmo tempo passei a prestar atenção nas cores de carne, tons rosados, areia, cinzas cromáticos; essas cores saltavam-me aos olhos ao folhear uma revista, ao ver televisão, nas roupas e objetos do dia-a-dia. Assim, o trabalho surgiu inicialmente do tamanho, depois da cor, e só então veio à forma. A forma humana, silhueta ou vulto. Uma pessoa qualquer, uma sombra. Um trabalho que falasse de nossa experiência de ser humano.


É a primeira vez que utilizo a figura humana em meus trabalhos, meu tema é comumente derivado da paisagem e é pra lá que devo em breve retornar. Os deslizamentos de terra ocorridos na cidade de Blumenau, que visitei em 2009, e outras catástrofes naturais, exerceram impacto sobre o processo de construção das figuras de terra, iniciadas com a obra Ainda Sois Carne . Aqui, a simbologia da carne une-se a da terra, do homem criado da terra. Enquanto pintava essas figuras, chegavam-me fotografias do terremoto no Haiti, corpos misturados à terra, soterramentos, e eu pensava na nossa condição de ser humano, tão material, tão finita.

Comecei a explorar formas de pintar, texturas, materiais diferentes; a terra e os veios da madeira são finalmente incorporados ao trabalho. Alguns destes elementos fazem parte de minhas pesquisas há 10 anos, porém, não os utilizava em meu processo artístico que caminhava em outra direção. Nesta série, os materiais gordurosos ou úmidos como glicerina, cera de abelha, creme hidratante, possuem relação com o corpo humano. A gordura e a umidade como elementos da vida e do afeto.

Texto sobre três obras
Obra: Existir - 210 x 80 cm - óleo sobre madeira

O trabalho propõe reflexões sobre materialidade e espiritualidade. Utiliza uma porta de madeira como suporte e tinta aplicada em forma de veladura. Pensa-se assim em um véu espiritual sobre o corpo material. Um véu leve como a respiração, invisível, porém, essencial. O corpo pode ser representado pela própria porta, que, apoiada ao chão, expande o limite da pintura para o campo tridimensional. Tais questões foram se desenvolvendo ao longo de dois anos e encontraram eco nas ideias do filósofo Didi-Huberman, em suas considerações sobre a escala humana, implicada na altura de uma porta. O túmulo, o leito, a porta, todos têm a altura aproximada de 2 metros e pela simples dimensão referem-se ao ser humano.

A obra possui 2,10 m de altura e foi concebida para ser apoiada diretamente no chão. O processo de construção da imagem partiu inicialmente da fotografia da artista deitada, vista de uma altura de 4 metros, para que não houvesse distorções. A imagem foi trabalhada no photoshop e impressa em transparência para posterior projeção.

Obra: Minha alma de madeira e terra, 210 x 120 cm (díptico) - óleo e terra sobre madeira
Em um jogo de dualidades, observa-se a figura de um corpo em pé ao centro de duas placas constituídas de marcas de madeira e tonalidades de terra. Neste trabalho, a imagem da artista deitada foi projetada de forma a sugerir um estado de integração e completude. Os materiais foram selecionados de forma a dialogar com uma possível simbologia da imagem. A terra utilizada, de tom rosado suave, foi coletada em região rural nos arredores da cidade, e os veios da porta de imbuia foram mantidos na composição do corpo.

Os deslizamentos de terra (soterramentos) ocorridos nos últimos anos exerceram impacto sobre o processo de construção das primeiras figuras de terra, iniciadas com a obra Ainda Sois Carne (2009/2010). O uso da terra neste trabalho, porém, possui sentido construtivo e não destrutivo. A terra sustenta-se pela sua própria materialidade ao lado da madeira.

Obra: Sussurro, 200 x 90 cm, óleo sobre tela
A obra possui 2 metros de altura e foi concebida para ser apoiada diretamente no chão. Novamente utiliza-se a silhueta da artista projetada. Em Sussurro , busca-se colocar o olhar em direção ao limite da visão. As cores com semelhante intensidade de luz dificultam a projeção da figura sobre o fundo, tornando-a difusa, nebulosa. Nessa dissolução problematizam-se as fronteiras entre o mundo visível e invisível, material e imaterial. Pensamentos e formas que nos sussurram a mente sem nunca se impor...

O conceito de mente úmida, traçado por Robert Smithson, em 1968, descreve minhas aspirações: "Tais olhos úmidos adoram olhar superfícies que se fundem, se dissolvem, se encharcam, que às vezes dão a ilusão de tender na direção de algo gasoso ou nebuloso (...)"
Texto: Camilla Carpanezzi


A artista Camilla Carpanezzi La Pastina é natural de Curitiba, onde reside. Formação Acadêmica: Mestre em Artes Visuais (Udesc, 2008), especialista em Educação Infantil (UTP, 2000), bacharel em Pintura (Embap, 1998) e licenciada em Educação Artística (FAP, 2001). Atua como professora do curso de Artes Visuais da Universidade Tuiuti, do Paraná. Artista visual e ilustradora. Ministrante de cursos livres para adultos e crianças.

Portfólio artístico http://www.flickr.com/photos/14867936@N07/


Galeria Municipal de Arte (Sala Alberto Luz) e Sala Especial

Exposição Bluap 25 Anos de Arte
Participam da exposição, 34 artistas associados à Bluap: Arlete Bondavalli, Belíria Boni, Benedito Augusto, Cecília Junkes, Cema Raizer, Dellandréa, Du.Lauss Néia, Dulce Paladini, Everton Duarte, Gabriela Lombardi, Goretti, Hannelore Klomfass, Heraldo Fernandes, Horvath de Lima, Imamaiah, Inge Laurterjung, Linda Borges, Lourdes Dalmarco, Lucienne Sprung, Lucy Pereira, Maccarini, Marlene Karin Werner, Elisabeth Fiamoncini, Pakawon T.Martin, Pita Camargo, Rosana Dominguez, Rosina de Franceschi, Roy Kellermann, Ruth Winkler Paul, Solange Buzzi, Sueli Freygang, Suzana Sedrez, Tânia Regina de Souza e Tula Mayr.

A Bluap
A Associação Blumenauense de Artistas Plásticos, fundada em 17 de Julho de 1986, tem sua origem a partir de um grupo de artistas plásticos que objetivavam congregar produtores de arte para discutir, trocar experiências, conhecimentos e construir uma linguagem ética e universal em prol das artes plásticas da região. Aos 10 anos de existência foi elevada ao patamar de Entidade de Utilidade Pública, com registro em 5 de novembro de 1996 - Lei número 4.746. Em 2 de abril de 2008 foi sancionada a Lei número 14.392, que a declara Entidade de Utilidade Pública Estadual.

No percurso de seus 25 anos de existência, a Bluap orgulha-se de ter sua trajetória marcada por mais de uma centena de artistas associados. Alguns de seus fundadores permanecem até hoje. Sócios históricos tiveram participação especial, fundamental à continuidade de realização do sonho primeiro. Os que permaneceram e os que foram se agregando ao quadro de associados, mantêm-se abertos a uma discussão plural, democrática e cidadã, quebrando barreiras para construir uma linguagem ética e universal, em prol do fortalecimento das artes visuais da região.

Sendo uma das precursoras como entidade organizada de artistas plásticos de Santa Catarina, a Bluap é um elo entre artistas, consumidores e apreciadores da arte. Ao fomentar arte, educação e cultura, a conscientização dos cidadãos, a produção artística, que em parte ou por meio dela se exerce, reforça a liberdade democrática, pensamentos poéticos, pluralidade e vitalidade que aludem.

Entre os eventos mais significativos de sua política de atuação, destacam-se: cursos de formação continuada, exposições coletivas, programas de inserção comunitária, arte na fábrica, arte na praça, a cultura abraça o meio ambiente, a arte por detrás dos morros, super sábado, leilões de arte beneficentes, projeto Integrarte, participação em desfiles comemorativos da cidade de Blumenau, consolidação da Federação das Associações de Artistas Plásticos de Santa Catarina (Faapsc), a conquista da aplicação da Lei de Incentivos Fiscais e publicação do Catálogo Bluap 20 anos.

Ao estabelecer efetivas parcerias que permitem a participação e realização de projetos, a Bluap visa principalmente:
. a valorização do potencial humano e artístico que a associação congrega;
. o estabelecimento de uma sinergia com organizações, entidades e profissionais das diversas ramificações culturais e artísticas da região;
. a participação em movimentos que divulguem e tornem acessível a arte para a comunidade local, regional e estadual
. contribuir, de forma efetiva, na difusão dos valores educativos e sócioculturais do Estado de Santa Catarina.

A somatória dos esforços de seus fundadores aos associados que foram agregados ao longo do tempo e das parcerias estabelecidas, foi e é fundamental para prosseguir a caminhada com congruência, vencendo desafios, quebrando barreiras, ampliando fronteiras, renovando conquistas e vitórias. A Bluap tem orgulho de ter em seu quadro de associados, artistas tão interessado em mostrar que a arte pode transformar pessoas e fazer com que a humanidade reflita sobre o verdadeiro significado de trabalhar de forma coletiva, beneficiando o próximo, levando cultura para a mente e a vida da população.

Parabéns a todos os associados e que as conquistas dos últimos 25 anos sirvam de exemplo para os próximos 25.
Texto: Belíria Boni e Mia Avila

Galeria do Papel

Exposição Sujos, Feios e Musicais
Denis Pacher é cartunista blumenauense, conhecido pelo seu trabalho no Jornal de Santa Catarina, onde trabalhou por mais de 9 anos fazendo charges, ilustrações, story boards e tiras em quadrinhos. Já ilustrou também várias revistas, livros, sites e fanzines no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, França e Portugal.


Sua arte segue um estilo de cartoon underground , inspirado em grandes mestres do Brasil (Laerte, Angeli, Lourenço Mutarelli), dos EUA (Robert Crumb, Kim Deitch) que conseguiram provar, mesmo em épocas em que a arte dos quadrinhos parecia tão engessada, que havia espaço no mercado para estilos alternativos, sujos e chocantes, que as pessoas estavam preparadas para coisas mais fortes e confrontantes do que os estilos já tão batidos como o da Disney e da Turma da Mônica.

As ilustrações são desenhadas com inspiração no submundo da arte: os quadrinhos undergrounds . Normalmente começam com uma ideia básica rabiscada rapidamente com lápis 6b ou lapiseira no papel Opaline , passando para uma arte-final feita a pincel e nanquim, onde recebe a maior parte dos detalhes e ajustes.

Sala Elke Hering

Homenagem ao artista Pedro Dantas, com a exposição de obras do acervo do MAB e do artista, que nasceu em Mirandela, no sertão da Bahia. Mudou com a família para São Paulo, quando tinha sete anos de idade. Foi trapezista, dançarino e desenvolveu a arte da escultura, inspirado nas habilidades manuais de sua avó, que produzia objetos de cerâmica. A partir dos 14 anos de idade passou a se dedicar mais à dança. Cursou a Escola de Bailarinos do Teatro Municipal de São Paulo e no Rio de Janeiro. Ex-integrante do corpo de Estáveis do Ballet do Teatro Municipal de São Paulo, atuou igualmente no exterior (onde permaneceu por vinte anos): Teatro Comunal de Bologna, Teatro Máximo de Palermo, Teatro La Fenice de Veneza; percorreu posteriormente toda a Itália e parte da Europa, como membro destacado do Ballet Carla Fracci. Atuou ao lado de conceituados bailarinos, como Rudolf Nureyev e Paulo Bortoluz. Como convidado dançou em festivais na Grécia, e como solista em diversos corpos de baile na Alemanha, nos teatros de Oldemburg, Augsburg e Vestfalia. Em Cannes, na França, atuou como diretor de cursos, aperfeiçoando-se como professor. Em Veneza, cursou a Escola de Belas Artes. Na Alemanha, em Dortmund, especializou-se em coreografias com Joaquim Konig, ex-diretor da Escola de Ballet do Teatro Carlos Gomes. Participou como convidado do corpo de jurados do Festival de Dança de Joinville. Reside atualmente em Blumenau, cidade que escolheu por manter as características europeias com as quais se habituou durante a sua permanência no exterior.

Espaço Alternativo

Exposição Labirinto Poético

Coletivo de Poetas Blumenauenses
Instalações em forma de labirinto a partir de objetos e materiais diversos, onde cada artista se utiliza do elemento surpresa para expressar a sua poética. Nesta segunda edição, novos poetas se juntam aos participantes da primeira exposição, realizada também na Fundação Cultural de Blumenau, há cerca de 20 anos.

Participantes: Cláudia Iara Vetter, Dorothy de Brito Steil, Eduardo de Alencar, Marcelo Steil, Maria de Fátima Baumgartner, Raquel Furtado, Suzana Sedrez, Tânia Rodrigues,Terezinha Manczak, Marlene Silveira, Ricardo Brandes, Fabiana Lange, Otto Eduardo Gonçalves e Ivo Hadlich.

Espaço Elfy Eggert


Apresentação do Bráss Septet - Banda Municipal de Blumenau

O Bráss Septet foi criado com a finalidade de difundir a música instrumental e mostrar a versatilidade da Banda Municipal de Blumenau, que além de ter um repertório para solenidade e evento cívico, em datas especiais transforma-se em uma big band, como Stadt Capele, em outubro, e Banda Noel, na época de Natal.

Os músicos que compõem o Bráss Septet fazem parte da Banda Municipal de Blumenau, que neste ano de 2011 completou 49 anos de existência.

Músicos
João Carlos Cunico (Trompete)
Emerson Luiz Machado (Trompete)
Gedson Jair Bento (Trompete)
Marcos Barth (Trombone)
Luciano Victorino da Costa (Trombone)
André Filipe Alexandre (Tuba)



Fonte: Mia Ávila, gerente do MAB (3326 6596 e 9927 9877)
Assessora de Comunicação: Marilí Martendal (3326 8124 e 9943 0235)

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