Após cirurgia de alta complexidade, olhando as embalagens do medicamento, que se tornou seu companheiro até que a morte os separe, a artista Martha Ozol sentiu empatia por elas intuindo que este olhar deflagrou o gesto primordial que, para ela é um estado de espírito que aparece, meio por acaso, quando se tem empatia por algum objeto. Com esta empatia entra-se em estado de alerta, à espreita e inicia-se um caminho que não se sabe onde vai dar e muito menos porque fazer. Os trabalhos da catarinense de Urubici poderão ser vistos a partir do dia 12 de março, às 19h, durante a abertura da 1ª Temporada de Exposições do Museu de Arte de Blumenau (MAB). A entrada é gratuita.
Como dizia Picasso: “Se você sabe por que vai fazer não há porque fazer”. A única solução, dirá Robert Smithson, é aceitar a situação entrópica e aprender a reincorporar mais ou menos essas coisas que parecem ser feias. A entropia é vista como uma medida do grau de desordem de um sistema. O termo entropia, originado do grego “entropêe”, significa “em mudança”.
E assim, com o corpo em processo de extrema e inevitável mudança e com a vida dependendo, dali em diante, de um substituto artificial para a substância antes fabricada pelo corpo, surgiu a ideia desta obra. A refleexão sobre a vulnerabilidade e o poder, a dependência e a liberdade, a gratidão e o direito, a vitimização e a resiliência, o efêmero e o permanente passaram, mais do que nunca, a fazer parte integrante de sua vida.
A artista usou o busto e o manequim como representação para expor a dependência do corpo em relação do medicamento. Utilizou as técnicas de papel machê, costura, crochê e colagem de diversos materiais. Nos quadros, a técnica foi a colagem de embalagens, bulas, caixas, blisters e fragmentos de alumínio sobre a madeira.
No período de cinco anos (2013 a 2018) consumiu em torno de 18.250 cápsulas, embaladas em 608 caixas, 608 bulas, 1824 blisters, e milhares de lacres usando parte deste material na obra aqui apresentada. Servindo-se do apagamento em anteriores trabalhos de arte, nesta obra eliminou o nome do medicamento e do laboratório em certos lugares, deixando alguns vestígios deles em outros. As caixas foram viradas do avesso assim como sua vida, desde então.
Sobre a artista
Natural de Urubici (SC), Martha Ozol vive e trabalha em Florinópolis. Formada em Direito e Psicologia, possui especialização em arteterapia. Participou de cursos de arte no Brasil e na Espanha. Marcou presença com sua arte em dezenas de exposições coletivas por todo o Estado de Santa Catarina e organizou seis exposições individuais.
Natural de Urubici (SC), Martha Ozol vive e trabalha em Florinópolis. Formada em Direito e Psicologia, possui especialização em arteterapia. Participou de cursos de arte no Brasil e na Espanha. Marcou presença com sua arte em dezenas de exposições coletivas por todo o Estado de Santa Catarina e organizou seis exposições individuais.
Saiba mais
1ª Temporada de Exposições no MAB
Abertura: quinta-feira, dia 12 de março
Local: MAB – Secretaria Municipal de Cultura (Rua 15 de Novembro, 161, Centro)
Horários:
19h: conversa com os artistas expositores
20h: abertura da temporada, lançamento de livros, declamação de poemas e apresentação musical
As exposições do MAB
“Paródia do testemunho ocular”, de Rafael Ramos (São Paulo/SP)
“Passagem”, de Sonia Wysard (Rio de Janeiro/RJ)
“Abaixo da Superfície”, de Kelly Kreis (Florianópolis/SC)
“Até que a morte os separe”, de Martha Ozol (Florianópolis/SC)
“Sobre Cadeiras”, de Felipe da Costa (Blumenau/SC)”
Visitas: até 22 de abril, de terça-feira a domingo, das 10h às 16h
Visitas mediadas: podem ser marcadas pelo telefone (47) 3381-6176
Classificação indicativa de idade: Livre
Entrada franca
Assessor de Comunicação: Sérgio Antonello
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