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Fundação Cultural apresenta exposições



A Fundação Cultural de Blumenau apresenta as seguintes exposições: na Sala Oficial do MAB, a artista Linda Poll apresenta a exposição Lado a Lado ; na Sala Especial, Valdete Hinning apresenta Alvo Véu, com poemas de Osmar Pisani; na Galeria Municipal de Arte, Sala Alberto Luz, as exposições dos artistas Quiko Nuts e Tales Coirolo; na Galeria do Papel, obras do acervo do artista Abelardo Zaluar. Na Sala Elke Hering, obras do acervo do MAB.

Sala Oficial
Artista Linda Poll. Título da exposição: Lado a Lado, apresentando 10 objetos e 5 instalações.
Lado a Lado analisa as possibilidades de coabitação; do indivíduo e do objeto; explora as características pessoais e de personalidade, desenvolve o significante como referência de lembranças e o viver junto. Os signos montados referendam a uma sequência de ideias montadas como códigos absorvidos e ou vividos no cotidiano. Somos uma sucessão de sinais.

O tema da obra é baseado no livro Viver Juntos, de Roland Barthes, Martins Fontes 2003, que tem como conteúdo os cursos e seminários proferidos pelo autor no College de France, na década de 70. Os objetos são mostrados com analogia em relação à seriação no coletivo, no individual ou ainda com o isolamento. A constante relação do indivíduo que tenta conciliar o individual dentro do coletivo num esforço para atingir a sua independência ou a socialização é tratada na montagem em forma de distanciamento, ou isolamento nos vazios.
A natureza numa visão de fantasia que alimenta os sonhos e que acredita num mundo sem degradação nem destruição é um trabalho que enfatiza a possibilidade de reelaboração de novas formas. Formas estas, criando novas montagens partindo de objetos recolhidos da própria natureza, valorizando assim uma elaboração manual dos objetos.

Linda Poll é artista plástica/performática, arte-educadora, professora e atualmente é coordenadora do Museu Casa Fritz Alt, em Joinville.

Linda Poll lado a lado entre memórias e silêncios
Linda, ao se apropriar dos escritos de Roland Barthes contidos na obra Viver Juntos, busca na memória emotiva sua razão poética. Navega no espaço-tempo por meio de imagens que rondam, que se buscam em nós, por vezes durante uma vida toda, e freqüentemente só se cristalizam através da palavra. Cria então uma fantasia - a volta do desejo segundo Barthes - que a leva a exploração por diferentes bocados do saber. Uma pesquisa constante do silêncio do ser humano no mundo contemporâneo.

Seus objetos provocam simulações e nos permitem viajar por várias línguas, porque há vários desejos. E o desejo busca palavras. Ele as toma onde as encontra; e depois, as palavras geram desejos; e ainda depois, as palavras impedem o desejo. Essa colcha de retalhos, que é a língua, encontramos em suas palavras-imagens de uma forma transcendental e onírica.

Em Lado a lado a artista nos faz mergulhar num mundo de fantasia, desejos, simulações e silêncios do tempo por meio de uma violência sofrida pelo pensamento. Será esse mundo individual, coletivo, ou individual-coletivo? A resposta está em cada um de nós. Basta imergir no seu próprio Ser - no seu mar de lembranças.

Franzoi curador

Sala Especial
Artista Valdete Hinnig, de Florianópolis, residente em Jaraguá do Sul. Título da exposição: Alvo Véu, com poemas de Osmar Pisani. Projeto aprovado pela Fundação Catarinense de Cultura e Governo do Estado. São 16 obras com a técnica foto plotada em PVC.

O alvo? ... é o véu, o alvo véu, o branco véu da noiva, o branco véu das cachoeiras, cascatas, fontes, nascentes que brotam do coração da terra, como uma seiva que sacia a sede, fertiliza o solo e verdeja as campinas... Água-Véu, Fonte-Noiva... início... princípio... revisitando a mitologia antiga vamos encontrar essa relação em Ishtar, deusa do amor e da fertilidade, para os fenícios. Mais tarde, Afrodite para os gregos ... segundo reza a lenda, Ishtar surgiu das profundezas e os vapores da terra e do mar cobriram-na com um véu... transparência velada que guarda o feminino, carrega a alegria de viver, o equilíbrio dos fluidos, os extravasamentos e entregas ... água que batiza a fonte e inaugura o solo, vapores-véus que batizam a noiva e inauguram a mulher... concha de madre pérola aberta para a vida. Com essa proposta Valdete cria uma poética espacial, amarrando na sua simbologia a pureza da água com a pureza da noiva, traduzida pelo "Alvo Véu", "O Castelo da Pureza" escreveu Octávio Paz, referindo-se à obra "O Grande Vidro", a noiva despida por seus celibatários de Marcel Duchamp.

De preocupação social e caráter lírico, o trabalho atenta para a linha do horizonte. A artista, numa peregrinação ritualística, escolhe um local na natureza, organiza o espaço, depois registra em fotografia o cenário metaforizado em cascata-véu; com isso Valdete desloca o olhar para além da imagem e chama a atenção para este precioso líquido que compõe em aproximadamente sessenta por cento o nosso corpo e que desvela emoções... nos alerta para a preservação de suas nascentes, seus rios, seus afluentes... para que, num futuro não muito distante, se continuarmos no desenfreado avanço tecnológico e na mera experiência mercantilista, não precisemos derramar um mar de lágrimas para preencher nossos oceanos de culpas por falta de cuidados com o planeta que nos acolhe... lírica porque evoca sentimentos e o véu que cobre a beleza da jovem donzela, envolve-a numa névoa de mistérios, numa aura angelical, quase divina, como uma nuvem prenhe da água semeadora, de orvalhos úmidos, sequiosos de intimidades. Desconstruindo a noiva, Valdete constrói a metáfora, resignifica os sonhos que alicerçam afetos que sustentam ficções... nascentes desejantes... Alvo-Véu, Alva-Água, Alta-Vida...
Texto: Regina Giacomini

Valdete Hinnig é de Florianópolis, mas mora em Jaraguá do Sul. É membro da Associação Jaraguaense de Artistas Plásticos (AJAP). Frequentou o Curso de Desenho e Pintura, incluindo as técnicas de grafite, carvão, bico de pena, saguine, pastel, aquarela e óleo sobre tela, na escola Fátima Atelier, em Cuiabá. Atuou como presidente da AJAP e participou de várias exposições. Foi premiada no concurso Pinte a História de Jaraguá.

Sala Elke Hering
Exposição de obras do Acervo:
1. Elke Hering
Sem título
Escultura em Bronze
Dim. 32x32x13cm - 1978

2. Elke Hering
Figura sentada
Escultura em Bronze
Dim. 47x20x20cm - 1996

3. Elke Hering
Colete Espacial
Escultura em Bronze

4. Elke Hering
Memória Arqueológica
Gesso e areia - 1990

Elke Hering foi escultora, desenhista, gravadora, pintora, design e programadora visual. O legado cultural da artista faz parte da história da arte blumenauense. Foi em 1957 que começou a carreira. No ano seguinte optou por se aperfeiçoar no ramo da arte pelo Brasil e pela Europa, mais especificamente em Munique. A partir de então passou a fazer mostras coletivas e individuais, chegando a expor nos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro e também no exterior, saindo vencedora em vários concursos.

Reconhecida nacional e internacionalmente, Elke também mudou o cenário cultural da cidade em que nasceu. Ajudou na criação da Galeria Açu-Açu, em 1970, e na abertura de seu próprio espaço, o Atelier. Na Fundação Cultural - Museu de Arte de Blumenau - a artista, falecida em 1994, é homenageada com uma Sala que leva o seu nome.

Galeria Municipal de Arte
Na Sala Alberto Luz, os artistas Quiko Nuts e Tales Coirolo.
Quiko Nuts apresenta uma única obra 2x3m, intitulada Música, com stencil e spray direto na parede. A Street Art está ganhando força nas ruas. Alguns a consideram poluição e outros a aclamam. Por ser de rápida execução, se espalha por toda a cidade, com uma forma de visão crítica para a sociedade. O artista Quiko Nuts considera que a arte está cada vez mais acessível aos olhos do leigo e busca trazer um olhar crítico sobre nosso estilo de vida e a forma como aceitamos o que é novo.

Quiko utilizará 18 máscaras de stencil e com a técnica de spray, fará diretamente na parede, durante a abertura da exposição, a obra Música que é uma crítica à indiferença com o que acontece ao nosso lado. Vemos apenas o que nos convém. Colocamos nossas trilhas musicais e saímos "cegos". A pressa e correria atrás do pote de ouro, beleza e satisfação, faz com que deixemos escapar aos nossos olhos acontecimentos importantes.

Quiko é natural de Curitiba, mas reside em Blumenau há quatro anos. É grafiteiro desde 1997. Fez parte do coletivo denominado Amargem, que desenvolveu trabalhos com stencil em Curitiba, São Paulo e Cuiabá. Grafitou também em Rondônia, Acre, Manaus, Pará, Roraima e Minas Gerais. Trabalhou com a Assessoria da Infância e Juventude em Blumenau, realizando palestras sobre arte, nas escolas. Atualmente trabalha com desenvolvimento de artes para moda e como sócio-educador do projeto Revelarte, com grafite para iniciantes.

Tales
Já Tales Coirolo apresenta 10 cartazes utilizando a técnica tinta acrílica sobre papel e colagens, suporte bastidor de papel rígido. O artista traz para uma sala oficial o trabalho que exercitou pelas ruas durante o ano de 2010, questionando o limite do que é arte. Propõe repetir as temáticas, dimensões e materiais usados nas ruas, abordando temas psicossociais, pessoais e coletivos. Uma linguagem pictórica com raiz na pintura que transita entre o Design Gráfico, Impressionismo e Pop Art, mesclando colagens, logotipia, tipografia e moda, transpassando o figurativo e o decorativo abstrato na busca do "belo"?, lúdico e a pregnância das imagens como ícones urbanos. Uma palheta de cores luminosas marcada por uma preocupação gráfica no uso do preto. A intenção dessa exposição é dar continuidade à questão do fazer, do conhecer e do expressar a pintura em sua forma contemporânea. Isso não é arte?

Tales Coirolo é natural de Porto Alegre, mas reside em Blumenau. Possui graduação em Design de Produto e Artes Plásticas. Pós Graduação em Gestão Estratégica de Marketing ICPG, Mestrando em Desenvolvimentos Regional pela FURB. Atuou como Designer de Produto, Designer de Moda, Ilustrador freelancer. Atualmente é professor universitário nos cursos de Design de Produto, FURB, Design de Moda, Univali e UniAsselvi. Presta consultoria na área de desenvolvimento de produtos relacionados à moda.

Galeria do Papel
Obras do acervo do artista Abelardo Zaluar, que nasceu em Niterói em 1924 e faleceu no Rio de Janeiro em 1987. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes entre 1944 e 1948. Mais tarde, a partir de 1957, viria a ser professor catedrático de Desenho, na mesma instituição. Realizou sua primeira exposição, de aquarelas, em 1947, colocando em segundo plano a pintura a óleo, porquanto toda sua atenção vinha sendo concentrada na sua atividade como desenhista. Assim, somente em 1969 traria a público sua primeira exposição de pinturas, na Galeria Bonino.

Prêmios e exposições
Foi como desenhista que em 1963 recebeu o prêmio de viagem à Europa do Salão Nacional de Arte Moderna, tal como fora premiado em 1958 (Salão do Mar, RJ), 1959 (Salão de Belo Horizonte), etc. O MAM-RJ dedicou-lhe em 1975 uma retrospectiva, e o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro realizou, em 1984, uma exposição cobrindo sua produção entre 1974 e 1984.
Finalmente em 1993 foi a vez do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, organizar uma completa retrospectiva de toda a sua produção.

Do figurativismo à pintura racional
Após começos figurativos, em que fixava, através de aquarelas e desenhos, aspectos da natureza, Zaluar enveredou pela vertente não-representativa, pautando toda a sua produção, desde então, pelo severo jogo de linhas, formas e cores dispostas racionalmente, numa depuração crescente.

Como disse Mário Barata em 1970, o senso de medida talvez seja a maior característica da arte de Zaluar, ao lado da finura, do elevado grau de harmonia de suas trajetórias e do vigor visual de suas obras. Tal depuração gradativa levou-o, no devido momento, à vertente construtivista, sem que, contudo, atingisse ao ascetismo minimalista. Na verdade, em Zaluar dá-se um equilíbrio entre razão e emoção, pois, como observou um de seus mais persistentes críticos, Frederico Morais, através da geometria, Zaluar filtra e decanta a realidade, suas próprias emoções, eliminando impurezas e fixando-se no essencial.

A presença sutil do desenho
A formação básica como desenhista transpira nitidamente de sua pintura, via de regra estruturada com auxílio da linha, a qual contém as formas e ao mesmo tempo as amarra num todo significativo. Em anos subsequentes, Zaluar buscou reinterpretar a riqueza do Barroco Mineiro em quadros que se destacam pelo cromatismo. Nesses quadros ele recriava as relações espaciais barrocas, imprimindo-lhes sua austeridade. A partir da década de 1980 a cor vai se impondo gradualmente sobre a linha: Zaluar, que em começos de sua atividade como pintor fazia quase pintura desenhada ou desenho colorido, torna-se um colorista, sem abandonar, contudo, a severa estruturação formal, as relações racionais que as formas desenvolvem no espaço pictórico.
Fonte: CR-Rom «500 Anos da Pintura Brasileira»

Assessora de Comunicação: Marilí Martendal

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