Pular para o conteúdo principal

Karina Zen expõe Modos de Permanência

Nas imagens da Exposição Modos de Permanência, esculturas de arte sacra e animais taxidermizados ganham animação a partir da fotografia. As imagens que habitavam o imaginário dos artistas que fizeram as esculturas e as taxidermias são recuperadas quando são fotografadas em posição de retrato. Quando assumem a condição de sujeito, o que estava ausente, agora se faz presente. O talento da artista Karina Zen estará presente na 3ª Temporada de Exposições do Museu de Arte de Blumenau (MAB), que será lançada em clima festivo na noite de quinta-feira, 7 de julho, na Fundação Cultural.


Em Modos de Permanência, a imagem fotográfica é o lugar de sobrevivência dos elementos que compõem esta cadeia de substituições e a sala expositiva, seu espaço de coexistência. Em texto crítico sobre essa exposição, Fernanda Pita destaca a taxidermia como um procedimento científico com finalidade didática. “Tem por objetivo preservar um exemplar animal, conservando determinadas características que o tornem reconhecível: ossos, pele, pelo e plumagem”, diz ela. “Ou ainda, uma determinada situação: pose de caça, certa maneira de escalar uma árvore, sua performance em seu habitat. Através dele, o leigo conhece características da espécie que o zoólogo investiga no interior de seu gabinete ou em campo.”

Algo aproxima esses objetos das imagens de santos. Embora sejam imagens de naturezas diferentes, parece haver uma qualidade compartilhada entre elas. As imagens de santos devem simbolizar uma presença espiritual, mas também evitar a idolatria. “A pose, as roupas, os cabelos ou a maquiagem com que são caracterizados falam-nos de seus atributos, feitos, ensinamentos. São também, a sua maneira, objetos de ensino,” comenta Fernanda. “Tais práticas, no entanto, podem parecer, aos olhos de alguns de nós, estranhas, tocadas por um aspecto mórbido, de mau-gosto. Talvez porque a morte tenha se tornado quase insuportável e, portanto, seja cada vez mais invisível. A maneira com que evidencia a ausência pode ter tornado a taxidermia incômoda, assim como a imagem sacra.”

O trabalho de Karina Zen lida com essa característica de modo curioso. Através da lente, aquilo que estava ausente se torna presente. O olhar fotográfico anima o objeto fotografado, tornando-o sujeito da observação. “O enquadramento é capaz de reconhecer, sugerir interação, dar vida àquelas figuras mortas. De itens excêntricos de coleções obsoletas, passam a evocar aquilo que a morte não consegue apagar – a graça de um semblante, a ironia de um olhar, o impacto de uma emoção. Tudo que a memória pode guardar e que se torna presente, novamente, no instante.”

Saiba mais
Abertura da 3ª Temporada de Exposições no MAB
Quando: quinta-feira, dia 7 de julho

Horários:
19h: conversa com os artistas
20h: abertura da exposições, lançamento de livro, declamação de poemas pela Sociedade Escritores Blumenau (SEB) e Academia de Letras Blumenauense. Apresentações do Grupo Barbotina e da Banda Municipal de Blumenau
Outras atrações: obras de Karina Zen (Florianópolis); Luccubus (Ribeirão Preto); e Coletivo [R] existência, composto por Audrian Cassanelli, Juliana Povola, Marilia Hermes e Rafael Silva (Chapecó)
Visitas: até 21 de agosto. De terça-feira a domingo, das 10h às 16h
Visitas mediadas: agendamentos pelo telefone (47) 3381-6176
Entrada franca

Sobre a artista: Karina Zen - São Paulo, 1968.
Formação: Fotografia - Especialização em Cor na Escola Riccardo Bauer em Milão, Itália. Em 2008 inicia sua inserção no circuito de arte contemporânea. Trabalha com fotografia, vídeo e instalação para a realização de suas obras.
Principais exposições: XVIII Bienal de Cerveira, Portugal; Prêmio Diário Contemporânea, Belém;  Modos de Permanência - Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo/SP; Vídeos da Coleção MAR, Museu de Arte do Rio/RJ; Prêmio Lapsus, Fondazione Studio Marangoni - Florença/Italia; Teatro Studio Scandicci - Florença/Italia; Eu fui o que tu és e tu serás o que eu sou - Curadoria Josué Mattos, Paço das Artes - São Paulo/ SP;
Prêmios: 32° Arte Pará, Belém/PA; Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo a Cultura - Florianópolis/SC; 3° Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea - Paraty/RJ; Salão de Arte de Mato Grosso do Sul/MS; 11° Salão de Artes Visuais de Guarulhos/SP; Coleções permanentes Museu de Arte do Rio - M.A.R. e Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande/

MS.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Painel Freya Gross

CULTURA ESPETACULAR Painel Aldeia homenageia a ceramista Freya Gross Trabalho da artista blumenauense está exposto no segundo piso da Secretaria Municipal de Cultura. A Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais (SMC) e o Museu de Arte de Blumenau apresentam o painel Aldeia, em homenagem à autora, a ceramista Freya Gross. A artista nasceu em 19 de setembro de 1916 em Blumenau. Na década de 1950, conheceu o escultor e ceramista italiano Angelo Tanzini, que viveu no Valeu do Itajaí e em Minas Gerais, tendo retornado à Itália nos anos 1960. Com ele, Freya aprendeu todas as técnicas, desde a escolha da argila, as etapas e cuidados até a queima. Seus estudos e experimentações acabaram por dar novo significado à sua vida. Devotou à atividade tanto empenho e dedicação que fizeram dela uma conceituada e respeitada ceramista. Entre seus inúmeros trabalhos, tinha como especialidade os painéis que executava em azulejos cerâmicos pintados à mão. Assim foi o processo de um de seus úl