Gravura se define como o ato do gravar, assim como, num sentido figurativo, gravar se traduz como conservar na memória. Sobre este eixo, o artista Jan M.O. estabelece relações acerca do processo gráfico e das percepções mentais e afetivas de sua avó em resposta aos sintomas manifestados advindos da doença de Alzheimer durante o tempo em que ele morava com ela.
Certo dia, Jan se depara com a disposição de uma dentadura e uma tesoura sobre a pia do banheiro deixada pela avó e começa a pensar em quais padrões de organização e gatilhos para a memória esses objetos, especificamente espalhados por ela, a conectam como pontes de um passado e presente em constante mutação e manutenção de seu cotidiano. Do registro dessas ilhas, a ação de gravá-las sobre matriz e imprimi-las sobre papel, evoca ao artista a mesma necessidade de uma repetição de movimento e rotina, replicando, simbolicamente, o universo de sua avó que estampa diariamente séries interruptas de um mesmo permanecer.
No decorrer da produção da primeira montagem desta exposição em 2018, enquanto Jan e sua avó partiam para casas e vidas separadas, ao passo que a doença dela evoluía, desses arquipélagos - cada vez mais frágeis - fragmentos se dissolviam, e estruturas - antes sólidas - alçaram voos. A curadoria da exposição é do artista visual Marc Engler.
Sobre o artista
Jan M.O. (Rio de Janeiro/RJ, 1986) é artista visual, ilustrador e graduado em Design Gráfico e Programação Visual (Univille, 2010). Vive desde 2005 em Santa Catarina onde é atualmente membro da diretoria da Associação de Artistas Plásticos de Joinville - AAPLAJ. Explora as técnicas do desenho há mais de quinze anos e recentemente pesquisa as práticas da gravura e a criação de objetos. Sua produção utiliza tanto os processos manuais quanto as experiências industriais na elaboração de obras tridimensionais ou na multiplicação do seu trabalho de arte. Jan ministrou cursos e oficinas sobre processos gráficos através de editais, programas educativos e intervenções urbanas. Em sua trajetória constam obras em acervo e prêmios aquisição e seu currículo assinala exposições individuais no Distrito Federal, em Goiás, em Minas Gerais, em Santa Catarina, em Sergipe e em São Paulo, além de participações em coletivas, bienais e salões em outros estados brasileiros e países como Colômbia e Espanha.
Saiba mais
Abertura da 4ª Temporada de Exposições no MAB
Quando: 5 de setembro, quinta-feira
Horários:
19h: conversa com os artistas expositores
20h: abertura da 4ª Temporada de Exposições do MAB, lançamento de livros, declamação de poemas e apresentação musical
Visitas: até 24 de outubro, de terça-feira a domingo, das 10h às 16h
Visitas mediadas: podem ser marcadas pelo telefone 3381-6176
Classificação indicativa de idade: Livre
Entrada franca
Expositores
Não é possível voltar o relógio, de Hannu Palosuo (Finlândia)
Sinfonia do espaço, de Jorge Miño (Argentina)
Além do sinal e da matéria, de Alex Caminiti (Itália)
Sanagê Pele e Osso, de Sanagê (DF)
Entre o mundo maravilhoso e fabulações, de Andréa Brächer (RS)
Hipótese Gaia, do Coletivo Duas Marias (PR)
Ilhas levadiças, de Jan M.O. (SC)
Lançamento de livros
“Um olhar sobre fatos históricos”, de autoria de Álvaro Correia
“Cadê minhas pintinhas”, de Maria de Lourdes Scotini Heiden
Assessor de Comunicação: Sérgio Antonello
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