Os trabalhos híbridos de Sanagê transitam entre pintura, escultura e relevo. “Sanagê Pele e Osso” convida para uma imersão estética e sensorial na questão racial e suas consequências na sociedade contemporânea. A mostra é resultado de mais de quatro anos de pesquisas do material e texturas. A linguagem é direta, cada uma das 10 telas e o objeto escultórico se referem a alguns países africanos por onde passaram homens, mulheres e crianças capturados e vendidos como escravos para trabalhar em fazendas e minas.
Sanagê pesquisou a espuma expandida, material utilizado na construção civil para assentar portais. Usado de forma bruta, cria volumes e texturas. “Num primeiro momento, há o encantamento com a matéria e suas possibilidades. Num segundo momento, ele é um descendente da diáspora africana”, ressalta o curador Carlos Ferreira. “Sanagê assemelhou o material à textura, cor de peles, ossos, fissuras e ligamentos. Se por um lado o material se mostrou muito interessante para pensar estruturas invisíveis de um ponto de vista externo, por outro lado os mapas são regiões de circunscrições de uma experiência, a pensar a questão geográfica como uma condição imaginária. Nessa experimentação, ele alcança a conjunção favorável de um trabalho com pé na pintura e um desdobramento em relevo e escultura.”
As estruturas de espuma são rasgadas, serradas, quebradas e coladas entre elas. “O que existe por trás dessas ações é um processo de violência”, comenta Ferreira.
Telas escultóricas, objeto escultórico e sala de exposição foram pintados de branco. O visitante é conduzido para uma experiência de espaço infinito. “O branco é a presença diáfana que simboliza uma ausência de limites. Assim como as telas que contêm relevos e texturas não representam geograficamente os países africanos, a cor também não se refere a uma realidade. É uma provocação para a reflexão sobre passado, presente e futuro”, completa.
Sobre o artista
Sanagê Cardoso é natural do Rio de Janeiro. Atualmente vive e trabalha em Brasília. Possui formação em Artes Plásticas e é membro da Associação Candanga de Artes Visuais. Em sua trajetória artística apresenta exposições individuais e coletivas, entre elas Sanagê Pele e Osso, no Museu Nacional da República – Brasília (DF); Neoclipes - Centro Cultural dos Correios - Rio de Janeiro (RJ); Neoclipes – A Tradição e o Contemporâneo - Galeria HRocha - Rio de Janeiro (RJ); e Athos Vive - Museu de Arte de Goiânia (GO).
Saiba mais
Abertura da 4ª Temporada de Exposições no MAB
Quando: 5 de setembro, quinta-feira
Horários:
19h: conversa com os artistas expositores
20h: abertura da 4ª Temporada de Exposições do MAB, lançamento de livros, declamação de poemas e apresentação musical
Visitas: até 24 de outubro, de terça-feira a domingo, das 10h às 16h
Visitas mediadas: podem ser marcadas pelo telefone 3381-6176
Classificação indicativa de idade: Livre
Entrada franca
Expositores
Não é possível voltar o relógio, de Hannu Palosuo (Finlândia)
Sinfonia do espaço, de Jorge Miño (Argentina)
Além do sinal e da matéria, de Alex Caminiti (Itália)
Sanagê Pele e Osso, de Sanagê (DF)
Entre o mundo maravilhoso e fabulações, de Andréa Brächer (RS)
Hipótese Gaia, do Coletivo Duas Marias (PR)
Ilhas levadiças, de Jan M.O. (SC)
Lançamento de livros
“Um olhar sobre fatos históricos”, de autoria de Álvaro Correia
“Cadê minhas pintinhas”, de Maria de Lourdes Scotini Heiden
Assessor de Comunicação: Sérgio Antonello
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