A exposição “Passagem”, que a artista Sonia Wysard trouxe do Rio de Janeiro para o Museu de Arte de Blumenau (MAB), mostra alguns dos últimos trabalhos que formam uma instalação com pinturas em grandes formatos. Em sua produção, o gesto e as respectivas tensões produzidas dentro do espaço pictórico refletem-se fora dele, em uma escala que o confronta com o corpo do espectador. A artista persegue nos seus 12 anos de atividade uma linguagem abstrata para falar principalmente do espaço.
As obras de Sonia Wysard são totalmente concebidas dentro do já conhecido fazer clássico da pintura, isto é, usando suportes e instrumentos que lidam com a matéria de forma tradicional. Herdeira do entendimento espacial da Minimal art, sua linguagem talvez queira desafiar o mundo contemporâneo, que hoje vive um sufocamento de imagens, conceitos e layers, com algo que é simples e direto: a força da própria pintura.
A palheta de cores que usava no início do percurso artístico foi pouco a pouco se reduzindo até chegar ao preto e branco. “O preto tomou conta total da tela e veio a paralisia, a pausa, o silêncio”, conta Sonia Wysard. “O azul então entrou para esfriar o preto. O vermelho o esquentou. Estas duas cores misturadas ao pote da tinta preta, transformaram o negro em marrom ou azul marinho, que tingiam a tela, e assim uma pós-imagem surgia... quase uma ilusão de ótica, e mais silêncio... o preto continuando a formar abismos, paisagens desoladas, manchas insulares, orlas, fendas. Mas agora o azul e o vermelho cobrem tudo isso em uma única veladura, líquida e diluída, fazendo surgir a passagem e a sobreposição dessas cores. Tudo parece se movimentar e ganhar luz, e não só dentro da tela.”
Sobre a artista
Natural de São Paulo (SP), Sonia vive e trabalha no Rio de Janeiro (RJ). É formada em Ciências Biológicas pela Universidade Gama Filho (RJ) e em Design de Interiores pela Universidade Estácio de Sá (RJ). Sua formação artística é constituída com a participação em oficinas, cursos, imersões e workshops. Participa de exposições individuais na Galeria de Arte UFF – Niterói (RJ) e Galeria OKO Arte Contemporânea – Barra da Tijuca (RJ). Em sua trajetória, marcou presença em exposições coletivas, entre elas as acolhidas pelo Sesc de Nova Iguaçu (RJ), Centro de Artes Calouste Guibenkian, Casa França–Brasil e Centro Cultural dos Correios, todas no Rio de Janeiro.
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