Nesta quinta-feira, dia 30 de abril, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) relembra uma mostra que impactou fortemente na 4ª Temporada de Exposições do Museu de Arte de Blumenau (MAB) - ano 2019. A abertura aconteceu no dia 5 de setembro, quando Sanagê Cardoso trouxe para Blumenau SANAGÊ PELE E OSSO. Obras hibridas do artista carioca radicado no Distrito Federal, que transitam entre pintura, escultura e relevo, convidaram para uma imersão estética e sensorial na questão racial e suas consequências na sociedade contemporânea. O artista permaneceu em Blumenau por 10 dias, e além da noite de abertura, participou de várias mediações e ações educativas. “Uma experiência que deixou boas lembranças”, destaca a gerente do museu Mia Ávila.
Os trabalhos apresentados são resultados de mais de quatro anos de pesquisas do material e texturas. Sanagê pesquisou a espuma expandida, material utilizado na construção civil para assentar portais. Usado de forma bruta, cria volumes e texturas. “Num primeiro momento, há o encantamento com a matéria e suas possibilidades. Num segundo momento, ele é um descendente da diáspora africana”, ressalta o curador Carlos Ferreira. “Sanagê assemelhou o material à textura, cores de peles, ossos, fissuras e ligamentos.
Se por um lado o material se mostrou muito interessante para pensar estruturas invisíveis de um ponto de vista externo, por outro lado os mapas são regiões de circunscrições de uma experiência, a pensar a questão geográfica como uma condição imaginária. Nessa experimentação, ele alcança a conjunção favorável de um trabalho com pé na pintura e um desdobramento em relevo e escultura. As estruturas de espuma são rasgadas, serradas, quebradas e coladas entre elas. O que existe por trás dessas ações é um processo de violência”, comenta Ferreira.
Telas escultóricas, objeto escultórico e sala de exposição foram pintados de branco. A linguagem foi direta, cada uma das 10 telas e o objeto escultórico faziam referencia a alguns países africanos por onde passaram homens, mulheres e crianças capturados e vendidos como escravos para trabalhar em fazendas e minas. O visitante foi conduzido para uma experiência de espaço infinito. “O branco é a presença diáfana que simboliza uma ausência de limites. Assim como as telas que contêm relevos e texturas não representam geograficamente os países africanos, a cor também não se refere a uma realidade. É uma provocação para a reflexão sobre passado, presente e futuro”, comentou Sanagê.
Sobre o artista
Sanagê Cardoso é natural do Rio de Janeiro. Atualmente vive e trabalha em Brasília. Possui formação em Artes Plásticas e é membro da Associação Candanga de Artes Visuais. Em sua trajetória artística apresenta exposições individuais e coletivas, entre elas Sanagê Pele e Osso, no Museu Nacional da República - Brasília (DF); Neoclipes, no Centro Cultural dos Correios - Rio de Janeiro (RJ); Neoclipes – A Tradição e o Contemporâneo, na Galeria HRocha - Rio de Janeiro (RJ); e Athos Vive, no Museu de Arte de Goiânia (GO).
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