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Natureza fica "geométrica" na Sala Roy Kellermann

 Artistas paranaenses destacam em exposição no MAB as transformações da natureza provocadas pelos homens.

Foto: Divulgação

A exposição ‘Natureza geométrica’, do Centro Arte Contemporânea Edilson Viriato (Cacev), é uma das novidades da 2ª Temporada de Exposições do Museu de Arte de Blumenau, que abre ao público no dia 2 de maio, às 19h, na Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais (SMC). O grupo é constituído por sete artistas residentes em Curitiba (PR): Akiko Miléo, Cida Sanchez, Katia Kimieck, José do Amaral, Márcio Medeiros, João Coviello e Susana Goienetxe. A curadoria é de Edilson Viriato

A festa de abertura da temporada tem na programação a tradicional conversa com os artistas, lançamento de livros e show musical com os integrantes da Banda Municipal. A entrada é gratuita e a classificação etária é livre.

Na exposição ‘Natureza geométrica’, os artistas juntam a preocupação formal com um conteúdo de destaque no mundo contemporâneo. Com essa proposta, eles pretendem pensar a natureza e as transformações resultantes das ações do homem. Ao refletir sobre essas ações, suas preocupações formais tornam-se éticas.

De acordo com eles, a ação do homem sobre a natureza ocorre desde a ‘Revolução Agrícola’, iniciada há mais de 12 mil anos, que provocou a primeira grande mudança na natureza. “E não pararia mais, a ponto de alguns cientistas afirmarem que entramos em uma nova era geológica, chamada de antropoceno, marcada por impactos causados pelas ações humanas.”

Os artistas escolheram a linguagem geométrica para destacar as transformações da natureza provocadas pelos homens. Ou seja, ao unir geometria e natureza nesta exposição, pretendem demonstrar o contraste entre representação tradicional e construção da natureza.

A opção por destacar a geometrização da natureza permite que os artistas se vinculem ao construtivismo, a metáfora da construção, no sentido de trabalho para organizar algo, sendo essa a proposta preliminar desta exposição. Afinal, as linhas estão tomando o lugar onde antes havia a natureza autocriada. Assim, será possível observar como cada um dos artistas lidará com o problema proposto. “O objetivo será apresentar a geometrização cada vez maior da natureza, e como essa geometrização tira o espaço que era da própria natureza”, explicam.

Saiba mais

Abertura da 2ª Temporada de Exposições no MAB

Data: quinta-feira, 2 de maio

 

Horários:

19h: conversa com os artistas expositores

20h: abertura, lançamento de livros e apresentação musical

Visitas: até 23 de junho, de terça-feira a domingo, das 10h às 16h

Visitas mediadas: podem ser marcadas pelo telefone 3381-6176

Classificação indicativa de idade: Livre

Entrada gratuita

 

Os artistas

 

- Akiko Miléo cria formas orgânicas que nos remetem à superfície de rios e lagos, quando é possível perceber configurações transparentes, coloridas e variadas e que despertam a atenção de quem aprecia as movimentações dinâmicas da natureza.

- Cida Sanchez envolverá sua pintura gestual e gráfica com o elemento mais simbólico quando se pensa a natureza: a terra. Este substantivo de origem latina é um dos mais usados em todas as línguas. Sanchez não se refere ao cosmos, mas a algo palpável, que dá nome ao nosso planeta. Ela se refere à superfície sólida que pisamos e à parte que produz vegetais, comida e é fonte de vida para tantos organismos.

- No trabalho de Katia Kimieck há tantos prédios que, ao se olhar para cima, não se percebe mais o céu. “Usamos o espaço, que outrora era da natureza para a construção de prédios. O mundo se torna construtivo. Dentro das grandes cidades, grandes edifícios são construídos no lugar onde havia natureza. A paisagem urbana, onde se elevam altos prédios, eliminam a paisagem natural, e tudo se torna um pouco escuro. Ao olhar para cima, o céu se torna cinza e o ar poluído”, explica. 

- José do Amaral criou árvores estilizadas que parecem monumentos ou prédios. O artista pensou em apresentar, nesta exposição, o contraste entre as árvores construídas por suas mãos, a partir de um elemento orgânico e quente (a própria árvore), e elementos frios, como o barro. “Outro contraste simbólico opõe elementos que tiramos da natureza (o barro ou o ferro) para construir prédios e monumentos”, comenta. Este é o paradoxo que Amaral pretende apresentar: “usamos elementos da própria natureza para destruí-la”.

- Márcio Medeiros trabalha com um suporte cheio de significados: a argila. Essa substância, obtida das rochas, é empregada em remédios, tijolos, telhas, componentes industriais, e é utilizada por Medeiros na criação de suas cerâmicas artísticas. Quando a argila se encontra com a água, ganha grande plasticidade e variadas cores, que esse experiente artista aproveita para fazer surgir obras não utilitárias, mas repletas de simbolismos, que remetem ao momento originário no qual homens portadores de sentidos e sensibilidades aguçadas descobriram que era possível endurecer o barro com o fogo.

- João Coviello lidará com a questão das paisagens construídas pelos homens, como as paisagens das fazendas. Essa “paisagem nova” é cada vez mais numerosa. Ela é observada pelo artista “de fora”, geralmente da estrada. Coviello se torna, assim, observador (ou contemplador), privilegiado, mas excluído dessas paisagens. Entretanto, a natureza é colorida. Contudo, o espectador mais atento perceberá o artificialismo da paisagem, no sentido de ser construída pelas mãos (e máquinas) dos homens. As formas orgânicas das paisagens lembram uma expressão artística popular no século XIX, a jardinagem, quando morros, cascatas e bosques eram construídos pelos próprios homens. A jardinagem fazia parte da hierarquia das artes daquele período e era tão importante quanto a pintura ou a escultura.

- Susana Goienetxe lembra a experiência que teve em uma casa localizada diante de uma piscina. Ao acordar cedo, a luz nela refletida era tão forte que impedia que a paisagem natural fosse vista. Apesar da exuberância de uma lagoa que também ficava diante da casa, a piscina era usada para recreação, cuja água, embora usada várias vezes, não parecia poluída. A água da lagoa, por outro lado, embora sempre renovada, parecia eivada. Dessa experiência, Goienetxe pensou em uma série de trabalhos onde flores ficarão atrás de hexágonos transparentes. “Será através deles que miraremos nossos olhos civilizados. Será que um dia não estaremos também nesses hexágonos”, questiona-se a artista.

 

Curadoria

 

Edilson de Carvalho Viriato reside e trabalha em Curitiba. Pintor, escultor, desenhista, fotógrafo, performance, gravador e curador, se desempenha como orientador de artistas e é diretor do Centro de Arte Contemporânea Edilson Viriato.

Possui uma extensa gama de participações no âmbito artístico local, nacional e internacional, tanto como artista quanto como curador. Extensamente premiado, tem participado em bienais internacionais, realizando exposições individuais e coletivas em importantes museus de arte nacionais e no Exterior. Tem atuado também como jurado em salões de arte. Suas obras formam parte de acervos particulares e institucionais.

 

As exposições

Sala Roy Kellermann: Natureza Geométrica, com o Coletivo CACEV formado pelos artistas Akiko Miléo, Cida Sanchez, Katia Kimieck, José do Amaral, Márcio Medeiros, João Coviello e Susana Goienetxe

Sala Pedro Dantas: "Janelas Para...", com Edilson Viriato

Sala Elke Hering: O todo e as partes, com Carolina Sucheuski

Galería Municipal de Arte/Sala Alberto Luz: MATER, com Giowanella

Galeria do Papel: Onde Estão Seus Olhos, com Adriane König

 

Apresentação musical: Integrantes da Banda Municipal de Blumenau

 

Lançamento de livros

Elke Hering - diários de formação, de Daiana Schvartz

Felix Carbajal - atlas poético, de Ricardo Machado

Quem tem medo da Cultura?, de Edson Busch Machado

 

Assessor de Comunicação: Sérgio Antonello



postada em 24/04/2024 10:46 - 29 visualizações



Fotos
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